quinta-feira, 17 de julho de 2008

Contradizendo Vinicius

Soneto de Fidelidade


"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."


Vinicius de Moraes, Antologia Poética


"O amor é eterno. Se não for eterno, então não foi amor." ?

2 comentários:

Anónimo disse...

O eterno é demasiado tempo...

Mas gosto do "infinito enquanto dure"...

(não resisti a dar uma última espreitadela claro, deixar-vos com mais uma das minhas pérolas , como forma de agradecer ..)

"Espera-me

Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas

Deixarei que o teu nome se perca repetido

Mas espera-me;

Pois por mais longos que sejam os caminhos eu regresso

“Mas como és belo, amor, de não durares,

de ser tão breve e fundo o teu engano,

e de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:

Também morre o florir de mil pomares

E se quebram as ondas no oceano.”

Anónimo disse...

Amor que morre

"O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!"